sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A Culpa

Juliano está casado há doze anos com Maria Eugênia, e acaba de ter o seu quarto filho, mas com outra mulher. Os encargos econômicos serão muito mais pesados do que imaginava. Está arrependido, e quer voltar atrás e começar tudo de novo. Agora sabe que agiu mal, mas não sabe o que fazer. Pensa que deverá trabalhar muito para que Deus o possa perdoar. Tão grande é o peso da sua culpa, que Maria Eugênia começa a suspeitar de que algo está errado. Mas, quando Juliano conta o seu dilema a alguns companheiros de trabalho, eles se riem dele.

Marcos e sua esposa Clara saíram em viagem de férias. Iriam visitar alguns parentes que viviam distante. Saíram de casa ainda de madrugada para aproveitar melhor o tempo. No entanto, durante a viagem Marcos adormeceu enquanto dirigia. O carro onde estavam caiu em uma ribanceira e, infelizmente, a sua esposa não resistiu aos ferimentos. Já fazia cinco anos que esta tragédia havia acontecido e Marcos ainda carregava em seus ombros uma grande culpa. Os familiares não o acusavam pelo acidente, mas ele não conseguia se desculpar. Marcos se sentia tão mal que pensava ser imperdoável.

Poderíamos relatar milhares de casos de pessoas como estas, que andam pela vida abatidas e curvadas sob o peso de suas culpas. Algumas buscam ajuda com psiquiatras ou psicólogos. Podem até obter alívio temporário dos sintomas de seus problemas, mas a culpa geralmente permanece.

Este sentimento de culpa existe porque temos a Lei de Deus gravada em nossos corações. Ela faz soar um alarme toda vez que agimos mal. Muitas pessoas procuram incansavelmente acalmar esta voz interior que acusa. Alguns conseguem silenciá-la por algum tempo, mas tornam-se pessoas duras, insensíveis e sem coração. A grande maioria não consegue e vai morrendo aos poucos sob o peso opressor de uma consciência intranqüila que atormenta e destrói a paz interior. É como um câncer que consome as pessoas internamente, deixando-as vazias e sem propósito de vida. A tentativa de escapar da culpa escondendo-se atrás de uma fachada de felicidade só piora as coisas.

O rei Davi, quando cometeu adultério, tratou de encobrir o seu erro, ordenando que o marido daquela mulher fosse envolvido numa batalha em que certamente morreria. Tudo parecia estar bem até que Deus lhe enviou o profeta Natã, para acusá-lo e inquietar a sua adormecida consciência com duras palavras condenatórias. Depois, o rei Davi viveu dias amargos, atormentado por sua culpa. Mas ele encontrou paz, como o demonstram as palavras que escreveu no Salmo 32.1-8:

“Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniqüidade e em cujo espírito não há dolo. Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado. Sendo assim, todo homem piedoso te fará súplicas em tempo de poder encontrar-te. Com efeito, quando transbordarem muitas águas, não o atingirão. Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento. Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho.”

Deus tem um remédio para a nossa culpa. Para que este remédio se torne efetivo precisamos primeiramente reconhecer que somos pecadores e, que por isso, temos maus pensamentos, más palavras, erros, equívocos, etc. Podemos confessar todos os nossos pecados a Deus, pois ele está pronto a nos ouvir e perdoar.

Deus nos perdoa plenamente não porque prometemos melhorar a nossa conduta ou porque fizemos alguma coisa boa, mas em virtude do que Cristo fez por nós. Deus tomou a iniciativa do perdão ao morrer pela humanidade, e nos convida à reconciliação e à amizade com ele. Em Cristo também encontramos forças para pedir perdão àquelas pessoas a quem machucamos.

Pode acontecer que os sentimentos de culpa retornem, mesmo após termos confessado nossos pecados e crido no perdão de Deus. Estes sentimentos podem nos levar a duvidar do perdão que Cristo nos conquistou. Podem surgir pensamentos como “será que Deus pode me perdoar mesmo?” O importante é lembrar que Deus jamais se arrepende do perdão que concede em Cristo. Nós precisamos aprender a viver como pessoas perdoadas e amadas por Deus. Precisamos nos agarrar ao perdão de Deus e lembrar que nenhuma pessoa, nem mesmo o diabo, poderá modificar a vontade de Deus, nem anulá-la ou destruí-la.

Caro leitor, a pior das desgraças que pode sobrevir a alguém é deixar de aproveitar o perdão que Deus nos oferece incondicionalmente. O único remédio eficaz para a culpa é viver a doce segurança do perdão.

Baseado no livro “As Desgraças”, de Hora Luterana

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